A minha propensão para relaxar era enorme.
Peguei numa cadeira, pu-la na varanda e sentei-me a apanhar sol enquanto ouvia música.
Não levou muito tempo para que me abstraísse do local onde me encontrava para ir de encontro ao significado das palavras inglesas que ouvia melodicamente. Só o vento frio e intermitente parecia querer trazer-me de volta para a realidade.
Num desses regressos vi que uma mulher estava na varanda do seu apartamento, uns prédios mais à frente. Estava de pé, com a mão no corrimão da varanda e a olhar em frente. Quis saber que paisagem estaria ela a ver. Nada… Não havia nada de especial na paisagem para que ela ficasse a admirá-la durante muito tempo.
Foi então que dei por mim a fazer o processo inverso: olhar-me através da varanda dela. A minha paisagem era exactamente a mesma (a única diferença era o ponto de vista): um festival de tijolos, cimento, tábuas de madeira, areia, andaimes, ferro, uma grua, poças de água suja e outras coisas feias que estão destinadas a fazer parte integrante de um novo prédio bracarense cujos apartamentos serão vendidos a preço de ouro.
Perante um cenário destes é quase ilegítimo termos prazer em estar numa varanda para nos abstrairmos. Dei por mim a cair na realidade: quantos de nós têm de se limitar a viver em caixinhas feias e padronizadas, independentemente da pessoa que somos, dos ideais em que acreditamos, das aspirações e objectivos que temos?... É a isto que se chama viver numa cidade? Será este o sonho urbano?
Peguei numa cadeira, pu-la na varanda e sentei-me a apanhar sol enquanto ouvia música.
Não levou muito tempo para que me abstraísse do local onde me encontrava para ir de encontro ao significado das palavras inglesas que ouvia melodicamente. Só o vento frio e intermitente parecia querer trazer-me de volta para a realidade.
Num desses regressos vi que uma mulher estava na varanda do seu apartamento, uns prédios mais à frente. Estava de pé, com a mão no corrimão da varanda e a olhar em frente. Quis saber que paisagem estaria ela a ver. Nada… Não havia nada de especial na paisagem para que ela ficasse a admirá-la durante muito tempo.
Foi então que dei por mim a fazer o processo inverso: olhar-me através da varanda dela. A minha paisagem era exactamente a mesma (a única diferença era o ponto de vista): um festival de tijolos, cimento, tábuas de madeira, areia, andaimes, ferro, uma grua, poças de água suja e outras coisas feias que estão destinadas a fazer parte integrante de um novo prédio bracarense cujos apartamentos serão vendidos a preço de ouro.
Perante um cenário destes é quase ilegítimo termos prazer em estar numa varanda para nos abstrairmos. Dei por mim a cair na realidade: quantos de nós têm de se limitar a viver em caixinhas feias e padronizadas, independentemente da pessoa que somos, dos ideais em que acreditamos, das aspirações e objectivos que temos?... É a isto que se chama viver numa cidade? Será este o sonho urbano?
1 comentário:
Lol!
No meu caso vai ser ao contrário: só daqui a uns meses é que vou ter o meu jardim privado em Viana.
Mas a minha qualidade de vida num apartamento vianense é notoriamente superior.
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