A meio de uma conversa de teor estritamente profissional recebi um elogio rasgado. Fiquei sensibilizado pela espontaneidade do momento.
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Tinha ido a um shopping comprar um DVD. Passei pelo cinema só para buscar um panfleto que indicava quais eram os filmes que estavam em exibição e a hora correspondente de cada sessão.
Ao iniciar o percurso inverso, vi um homem dirigir-se a mim. Ele aponta para o meu panfleto. Toca-lhe. Pega-lhe. Começa a falar.
Uma observação rápida faz-me constatar que estou perante uma pessoa a quem já foi certamente diagnosticada uma psicopatologia.
Remexe as pequenas páginas do meu panfleto enquanto diz qualquer coisa que não percebo. Eu respondo, dizendo “Sim, sim…”. Ele continua a falar: “A senhora disse que vai entrar este aqui. Olha. Este!”. Aponta para uma fotografia promocional do filme "Orgulho e Preconceito". Pressiona a unha do polegar contra a fotografia. Volto a responder “Ah, ok. Obrigado.”. Ele procura melhor por entre as páginas do folheto. Desiste da busca e diz “O outro que vai entrar, não sei o nome. Mas a senhora disse que era ‘Azul’. Não sei… Mas vai entrar. As sessões estão ali escritas.”. Aponta para um painel electrónico montado numa das paredes do shopping. Volto a agradecer, digo que também não sei quais serão os filmes que estariam para estrear no dia seguinte. Ele devolve-me o panfleto e eu vou embora.
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Tinha ido a um shopping comprar um DVD. Passei pelo cinema só para buscar um panfleto que indicava quais eram os filmes que estavam em exibição e a hora correspondente de cada sessão.
Ao iniciar o percurso inverso, vi um homem dirigir-se a mim. Ele aponta para o meu panfleto. Toca-lhe. Pega-lhe. Começa a falar.
Uma observação rápida faz-me constatar que estou perante uma pessoa a quem já foi certamente diagnosticada uma psicopatologia.
Remexe as pequenas páginas do meu panfleto enquanto diz qualquer coisa que não percebo. Eu respondo, dizendo “Sim, sim…”. Ele continua a falar: “A senhora disse que vai entrar este aqui. Olha. Este!”. Aponta para uma fotografia promocional do filme "Orgulho e Preconceito". Pressiona a unha do polegar contra a fotografia. Volto a responder “Ah, ok. Obrigado.”. Ele procura melhor por entre as páginas do folheto. Desiste da busca e diz “O outro que vai entrar, não sei o nome. Mas a senhora disse que era ‘Azul’. Não sei… Mas vai entrar. As sessões estão ali escritas.”. Aponta para um painel electrónico montado numa das paredes do shopping. Volto a agradecer, digo que também não sei quais serão os filmes que estariam para estrear no dia seguinte. Ele devolve-me o panfleto e eu vou embora.
A beleza deste episódio traduz-se no facto de um estranho me querer apenas ajudar de certa forma, ao ver-me procurar informação sobre os filmes exibidos naquelas salas de cinema. Independentemente de me conhecer ou não.
O lado mais escuro deste episódio reside na minha vivência na selva urbana, que fez com que no momento em que o vi aproximar-se de mim, instantaneamente me tenha vindo à memória a imagem da abordagem idêntica que um rapaz teve para comigo quando me tentou roubar o telemóvel no Verão passado.
Também durante os breves segundos deste momento, lembro-me de pensar que a "sessão de esclarecimento" se iria prolongar por minutos, dado que estava a ser vítima de um programa de apanhados…
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Mal entro naquele café novo, noto que a empregada parece estar um pouco agitada. Sento-me com duas amigas. Ela surge com três listas. Entrega-nos e fica no mesmo local à espera que nós digamos o que queremos. Fico um pouco constrangido, porque isso costuma fazer com que eu não me demore muito na selecção.
Cada um dos nossos pedidos serviu para ela falar um pouco connosco. Isso é algo a que claramente não estamos habituados, especialmente quando a pessoa que faz isso nunca nos viu na vida.
Ela vira costas para ir buscar as bebidas que nós pedimos; nós sorrimos entre nós, confusos.
O regresso com as bebidas foi igualmente prolongado, sendo nós uma vez mais brindados com conversa.
Minutos depois, no fim da nossa estadia naquele local, quando estávamos prestes a levantar-nos, ela passa pela nossa mesa e vê lá pousados dois bilhetes de comboio. Pára e mete conversa acerca das viagens de comboio, compara as viagens de comboio com as viagens de autocarro, diz que já foi tropa e fala dos vários tipos de clientes que ela já serviu naquele café: desde os simpáticos aos antipáticos.
Saí de lá notoriamente confuso, mas ao mesmo tempo a admirar a capacidade dela em conseguir criar conversas com pessoas que lhe são completamente estranhas.
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Mal entro naquele café novo, noto que a empregada parece estar um pouco agitada. Sento-me com duas amigas. Ela surge com três listas. Entrega-nos e fica no mesmo local à espera que nós digamos o que queremos. Fico um pouco constrangido, porque isso costuma fazer com que eu não me demore muito na selecção.
Cada um dos nossos pedidos serviu para ela falar um pouco connosco. Isso é algo a que claramente não estamos habituados, especialmente quando a pessoa que faz isso nunca nos viu na vida.
Ela vira costas para ir buscar as bebidas que nós pedimos; nós sorrimos entre nós, confusos.
O regresso com as bebidas foi igualmente prolongado, sendo nós uma vez mais brindados com conversa.
Minutos depois, no fim da nossa estadia naquele local, quando estávamos prestes a levantar-nos, ela passa pela nossa mesa e vê lá pousados dois bilhetes de comboio. Pára e mete conversa acerca das viagens de comboio, compara as viagens de comboio com as viagens de autocarro, diz que já foi tropa e fala dos vários tipos de clientes que ela já serviu naquele café: desde os simpáticos aos antipáticos.
Saí de lá notoriamente confuso, mas ao mesmo tempo a admirar a capacidade dela em conseguir criar conversas com pessoas que lhe são completamente estranhas.
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