Não me reconheço.
O meu mundo interno e o meu mundo social eram caóticos quando reingressei neste ano lectivo; hoje vejo esses dois mundos revestidos a ouro. O que mais me surpreende é a continuidade temporal que une estas duas perspectivas antagónicas sobre a realidade. Houve uma sequência transformacional tão lógica e progressiva, que só muito recentemente me apercebi do quanto mudei ao longo destes meses. Talvez o principal despoletador do boom se tenha dado nas vésperas da entrada neste ano de 2007, tempo no qual me dediquei a uma introspecção quanto à relevância das minhas interacções com as outras pessoas que me rodeiam. Foi aí que me apercebi que era tempo de me deixar de queixar silenciosamente acerca da superficialidade das conversas que estabelecia com o mundo, guardando exclusivamente para mim os momentos de seriedade profunda. Era a hora de deixar transbordar grande parte dos aspectos parcialmente invisíveis que me compõem.
Olho para o meu passado e vejo diferentes versões de mim, que tiveram o seu tempo de duração. Versões que nem sempre foram adaptativas e me trouxeram sofrimento. Versões que nunca deveriam ter desaparecido, devido aos efeitos benéficos que me proporcionaram. Versões que combinaram detalhes positivos e negativos de outras versões. Versões intencionalmente construídas. Versões impostas externamente. Versões que me obrigaram a aliviar o sofrimento interno, através da escrita (como é estranho ter visto que por vezes era obrigatório recorrer ao pressionar de teclas numa sequência específica de modo a atenuar a situação caótica e auto-destrutiva deste meu mundo interno). Versões que me fizeram sentir feliz (infância, tenho saudades tuas). Versões que me tornaram um mero fantoche na multidão. Versões que me levaram a um local onde nunca vi outro ser humano chegar, e me fizeram ter uma consciência aguda do quão independente eu conseguia ser face à massa populacional. Versões (prolongadas) nas quais eu habitualmente me silenciava/anulava, em prol da manifestação verbal e não-verbal de todas as outras pessoas (essas outras pessoas, ao verem-me sempre calado, partiam do princípio que nada de interessante poderia advir de mim). Versões que me deram a possibilidade de saborear experiências de ponto máximo. Versões recentes nas quais uma mera subida de escadas podia ser uma actividade psicologicamente desgastante (é, e será certamente desgastante para qualquer indivíduo, sempre que um turbilhão complexo de pensamentos o invadir). Versões que me faziam ter consciência do tempo que desperdiçava sem haver nada de relevante para registar nas minhas memórias de auto-realização (ou mesmo de auto-estima). Versões nas quais a proximidade física não tinha associação com a proximidade afectiva.
E eis que me deparo com uma nova versão; uma que deveria ter uma longevidade considerável, dado que concilia bastantes aprendizagens e muitos dos aspectos positivos de versões anteriores. Uma versão que engloba os meus novos insights completamente refrescantes e que me trazem um novo ponto de vista nesta habitual observação do mundo. Subscrevo agora uma visão compreensiva, diferente daquela que já tinha adquirido. Talvez seja uma visão compreensiva mais sofisticada, que analisa apaixonadamente a infinidade de possibilidades humanas. É bom ver que certas competências que eu pensei que estivessem já aniquiladas, afinal ainda sobrevivem dentro de mim.
São vários os insights que me assolaram ao longo dos últimos tempos, provenientes da minha presença nas aulas e da observação de comportamentos:
_ especificidades nos conteúdos aprendidos em Psicologia da Aprendizagem;
_ especificidades nos conteúdos aprendidos em Introdução às Neurociências I;
O meu mundo interno e o meu mundo social eram caóticos quando reingressei neste ano lectivo; hoje vejo esses dois mundos revestidos a ouro. O que mais me surpreende é a continuidade temporal que une estas duas perspectivas antagónicas sobre a realidade. Houve uma sequência transformacional tão lógica e progressiva, que só muito recentemente me apercebi do quanto mudei ao longo destes meses. Talvez o principal despoletador do boom se tenha dado nas vésperas da entrada neste ano de 2007, tempo no qual me dediquei a uma introspecção quanto à relevância das minhas interacções com as outras pessoas que me rodeiam. Foi aí que me apercebi que era tempo de me deixar de queixar silenciosamente acerca da superficialidade das conversas que estabelecia com o mundo, guardando exclusivamente para mim os momentos de seriedade profunda. Era a hora de deixar transbordar grande parte dos aspectos parcialmente invisíveis que me compõem.
Olho para o meu passado e vejo diferentes versões de mim, que tiveram o seu tempo de duração. Versões que nem sempre foram adaptativas e me trouxeram sofrimento. Versões que nunca deveriam ter desaparecido, devido aos efeitos benéficos que me proporcionaram. Versões que combinaram detalhes positivos e negativos de outras versões. Versões intencionalmente construídas. Versões impostas externamente. Versões que me obrigaram a aliviar o sofrimento interno, através da escrita (como é estranho ter visto que por vezes era obrigatório recorrer ao pressionar de teclas numa sequência específica de modo a atenuar a situação caótica e auto-destrutiva deste meu mundo interno). Versões que me fizeram sentir feliz (infância, tenho saudades tuas). Versões que me tornaram um mero fantoche na multidão. Versões que me levaram a um local onde nunca vi outro ser humano chegar, e me fizeram ter uma consciência aguda do quão independente eu conseguia ser face à massa populacional. Versões (prolongadas) nas quais eu habitualmente me silenciava/anulava, em prol da manifestação verbal e não-verbal de todas as outras pessoas (essas outras pessoas, ao verem-me sempre calado, partiam do princípio que nada de interessante poderia advir de mim). Versões que me deram a possibilidade de saborear experiências de ponto máximo. Versões recentes nas quais uma mera subida de escadas podia ser uma actividade psicologicamente desgastante (é, e será certamente desgastante para qualquer indivíduo, sempre que um turbilhão complexo de pensamentos o invadir). Versões que me faziam ter consciência do tempo que desperdiçava sem haver nada de relevante para registar nas minhas memórias de auto-realização (ou mesmo de auto-estima). Versões nas quais a proximidade física não tinha associação com a proximidade afectiva.
E eis que me deparo com uma nova versão; uma que deveria ter uma longevidade considerável, dado que concilia bastantes aprendizagens e muitos dos aspectos positivos de versões anteriores. Uma versão que engloba os meus novos insights completamente refrescantes e que me trazem um novo ponto de vista nesta habitual observação do mundo. Subscrevo agora uma visão compreensiva, diferente daquela que já tinha adquirido. Talvez seja uma visão compreensiva mais sofisticada, que analisa apaixonadamente a infinidade de possibilidades humanas. É bom ver que certas competências que eu pensei que estivessem já aniquiladas, afinal ainda sobrevivem dentro de mim.
São vários os insights que me assolaram ao longo dos últimos tempos, provenientes da minha presença nas aulas e da observação de comportamentos:
_ especificidades nos conteúdos aprendidos em Psicologia da Aprendizagem;
_ especificidades nos conteúdos aprendidos em Introdução às Neurociências I;
_ especificidades nos conteúdos aprendidos em Genética e Evolução;
_ especificidades nos conteúdos aprendidos noutras cadeiras que frequentei (talvez com menor intensidade);
_ globalidade procurada por cada indivíduo;
_ tempo dispendido em enriquecimento pessoal;
_ inteligência afectiva e inteligência de auto-estima;
_ minimização da alteridade e consequente reformulação da interacção com outras pessoas;
_ seres humanos como portadores de um sistema de crenças modificáveis.
Explicar o contributo de cada um destes insights seria um grande desafio, e talvez um dia eles venham a ser tema de futuros posts. Uma conversa produtiva acerca destes assuntos seria igualmente enriquecedora e teria a vantagem da interactividade em tempo real.
É a integração de todos estes insights que me está a transportar até uma posição muito específica. Um ponto nunca atingido por mim antes. A exploração de uma multiplicidade de histórias de vida com validade equitativa tem agora novos contornos. Espero conseguir manter-me assim durante muito tempo. Espero resistir ao cinzento da estrutura quotidiana (porque apesar de eu ter mudado, o mundo parece estar igual; será uma questão de tempo até voltar a ser confrontado com a discrepância entre a fluidez da minha modificação interna e a lentidão da modificação externa).
E a questão fulcral: porque é que só ao fim de vinte e dois anos é que finalmente consegui chegar a este estado?
_ especificidades nos conteúdos aprendidos noutras cadeiras que frequentei (talvez com menor intensidade);
_ globalidade procurada por cada indivíduo;
_ tempo dispendido em enriquecimento pessoal;
_ inteligência afectiva e inteligência de auto-estima;
_ minimização da alteridade e consequente reformulação da interacção com outras pessoas;
_ seres humanos como portadores de um sistema de crenças modificáveis.
Explicar o contributo de cada um destes insights seria um grande desafio, e talvez um dia eles venham a ser tema de futuros posts. Uma conversa produtiva acerca destes assuntos seria igualmente enriquecedora e teria a vantagem da interactividade em tempo real.
É a integração de todos estes insights que me está a transportar até uma posição muito específica. Um ponto nunca atingido por mim antes. A exploração de uma multiplicidade de histórias de vida com validade equitativa tem agora novos contornos. Espero conseguir manter-me assim durante muito tempo. Espero resistir ao cinzento da estrutura quotidiana (porque apesar de eu ter mudado, o mundo parece estar igual; será uma questão de tempo até voltar a ser confrontado com a discrepância entre a fluidez da minha modificação interna e a lentidão da modificação externa).
E a questão fulcral: porque é que só ao fim de vinte e dois anos é que finalmente consegui chegar a este estado?
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