terça-feira, maio 23, 2006

[55 / Cat’s Positivity]

A curva de esquecimento é mesmo inevitável…
Após cada longa noite de Enterro da Gata, acordava e ficava a pensar em todos os pequenos episódios que vivenciei no interior do recinto. Cada um desses episódios fazia com que eu ficasse a sorrir como um parvinho. Eram tantos os sorrisos!...
Hoje tenho a sensação de que notoriamente grande parte desses sorrisos já não existe porque a minha capacidade de evocação acerca dessas fantásticas noites já está numa fase de deterioração. É claro que para este fenómeno de esquecimento, também deve ter contribuído o episódio negativo final (que certamente deve ter ofuscado a evocação de vários episódios positivos, mas isso é outra história que só será englobada no próximo post).
Ainda há fragmentos divertidos memorizados.

fazerem inúmeras propostas de pagamento de bebidas a preços absurdamente baratos
eu próprio tentar pedir shots grátis numa outra barraca, dizendo à rapariga que estava por trás do balcão que eu gostava da maneira como ela se vestia
ter duas irmãs gémeas a suplicarem por dois shots a vinte e cinco cêntimos cada, acabando por serem brindadas com dois shots que incluíam vodka e (muita) cola, para além da cómica troca de frases: “Vocês nunca na vida serão psicólogas!” / “Pois não. Vamos ser economistas!”
uma finalista com uma camisola de curso a dizer “Psicologia Clínica” vem ter comigo à barraca e pede um dos já tradicionais shots a preço de água. Nunca a tinha visto na vida. Disse-lhe que o preço tinha de ser o que estava exposto na tabela. Ela rematou: “Mas eu tirei Psicologia Clínica!!! Não é como vocês, que cá só tiram Psicologia geral! A minha licenciatura é em Psicologia Clínica!! Tu devias ter inveja da minha licenciatura!”. A minha resposta: “Ai é? E onde é que tiraste a licenciatura?”. Ela disse: “Na Gandra!”. Naquele momento, se eu tivesse uma folha a dizer “LOLOLOLOL!”, tinha-a colado certamente na minha testa. Ou talvez mesmo uma das gotas que tenho no meu estojo, feitas em cartolina, para imitar de vez em quando as personagens dos desenhos animados japoneses quando alguém diz uma enorme bacorada. Mas naquela barraca as únicas gotas que eventualmente surgiam eram as que se entornavam dos copos e garrafas com álcool. Limitei-me a explicar-lhe que a Universidade do Minho oferece a melhor licenciatura em Psicologia no país
a minha primeira experiência de tirar um fino foi completamente ridícula. Limitei-me a despejar a cerveja no copo, esquecendo-me de rodar o copo. O resultado é previsível: um copo com muita espuma e pouca cerveja
a primeira vez que me pediram uma bebida menos habitual também foi igualmente inédita. Pediram-me um gin tónico. Peguei num copo, pus gelo e enchi o copo só com gin. O “cliente” aprovou a bebida com satisfação: “Olha. Isto está espectacular!! Só falta uma coisa… Agora põe só um bocadinho de água tónica.”(Acho que é para este tipo de experiências que servem os primeiros turnos de cada pessoa que trabalhou na barraca de Psicologia)
começar a ignorar pedidos de shots grátis, dançando para debaixo do balcão, constatando no entanto que quem queria as "promoções" não se importava de debruçar-se para conseguir continuar a persuadir-me
oferecer um “Psi” (Ψ) do tecto da barraca porque me pediram uma lembrança de Psicologia do Enterro 2006
...aplaudir o facto de a minha amiga Vera ser finalista em Sociologia. Foi um aplauso de parabéns completamente sincero. A recompensa que obtive foi um reconfortante abraço apertado e caloroso que representa a cumplicidade que temos tido desde o nosso tempo de "caloiritos". Para além do abraço, também foi notório que houve a presença de lágrimas femininas pelo facto de este ter sido o último Enterro da Gata da minha antiga geração de sociólogos... (Eu continuarei por cá, Vera... Pelo menos mais um ano.)
ouvir falar de vez em quando do meu profile do Hi5 e do meu blog (A Diana e a Marlene queriam que eu falasse delas aqui, por isso aqui têm o vosso tempo de antena… Hehehe!)
sentir que estava em frente a uma rapariga simpática que me fazia lembrar a Alanis Morissette e que acabou por beber Kalashnikovs sem limão com os amigos
não ter vontade de abandonar o meu turno na noite final quando me apercebi que apenas me restavam dez minutos de trabalho diversão dentro de uma barraca...
...poucos minutos após ter posto a tocar o cd que levei para a barraca com a intenção de ter o privilégio de conhecer as músicas que ouvia enquanto trabalhava, um rapaz apareceu por lá e disse-me: "Parabéns! Acabou de tocar aqui a melhor música de todas as barracas! Continua a pôr na música um desse cd!". Agradeci-lhe e disse que por acaso o cd era meu. Contudo nunca lhe disse que a música número um a que ele se referia, era de facto a música número dois daquele cd (naquela noite apeteceu-me começar com a segunda música)...

(Certamente há muitos mais episódios prestes a assolarem o meu pensamento, por isso nos próximos dias sou capaz de actualizar este post)

2 comentários:

Anónimo disse...

Sem querer hoje vim parar ao teu blog e....Diana e Marlene???...tempo de antena???...pois, realmente agora recordo-me de ter dito qualquer coisa a respeito, nao imaginei foi que tu te lembrasses (dado o teu estado "semi-consciente", se nao real, pelo menos aparente, mas tb, como tu contas, o turbilhao de acontecimentos que vivencias-te nesta queima, estavas mesmo entusiasmado com a tua experiencia na barraca!!!;))Para o ano estamos lá.... Resta-me dizer que, como já te tinha dito, gosto mt do teu blog,parabéns!

psychotic disse...

Lol!
Provavelmente essa foi a "menos consciente" de todas as três noites.

A dúvida agora é: será que para o ano será a última vez que vou ao Enterro da Gata? É que com o processo de Bolonha, pelos vistos vou ser finalista...