quarta-feira, março 21, 2007

[100 / Happiness Enhancer?]

Não me reconheço.
O meu mundo interno e o meu mundo social eram caóticos quando reingressei neste ano lectivo; hoje vejo esses dois mundos revestidos a ouro. O que mais me surpreende é a continuidade temporal que une estas duas perspectivas antagónicas sobre a realidade. Houve uma sequência transformacional tão lógica e progressiva, que só muito recentemente me apercebi do quanto mudei ao longo destes meses. Talvez o principal despoletador do boom se tenha dado nas vésperas da entrada neste ano de 2007, tempo no qual me dediquei a uma introspecção quanto à relevância das minhas interacções com as outras pessoas que me rodeiam. Foi aí que me apercebi que era tempo de me deixar de queixar silenciosamente acerca da superficialidade das conversas que estabelecia com o mundo, guardando exclusivamente para mim os momentos de seriedade profunda. Era a hora de deixar transbordar grande parte dos aspectos parcialmente invisíveis que me compõem.
Olho para o meu passado e vejo diferentes versões de mim, que tiveram o seu tempo de duração. Versões que nem sempre foram adaptativas e me trouxeram sofrimento. Versões que nunca deveriam ter desaparecido, devido aos efeitos benéficos que me proporcionaram. Versões que combinaram detalhes positivos e negativos de outras versões. Versões intencionalmente construídas. Versões impostas externamente. Versões que me obrigaram a aliviar o sofrimento interno, através da escrita (como é estranho ter visto que por vezes era obrigatório recorrer ao pressionar de teclas numa sequência específica de modo a atenuar a situação caótica e auto-destrutiva deste meu mundo interno). Versões que me fizeram sentir feliz (infância, tenho saudades tuas). Versões que me tornaram um mero fantoche na multidão. Versões que me levaram a um local onde nunca vi outro ser humano chegar, e me fizeram ter uma consciência aguda do quão independente eu conseguia ser face à massa populacional. Versões (prolongadas) nas quais eu habitualmente me silenciava/anulava, em prol da manifestação verbal e não-verbal de todas as outras pessoas (essas outras pessoas, ao verem-me sempre calado, partiam do princípio que nada de interessante poderia advir de mim). Versões que me deram a possibilidade de saborear experiências de ponto máximo. Versões recentes nas quais uma mera subida de escadas podia ser uma actividade psicologicamente desgastante (é, e será certamente desgastante para qualquer indivíduo, sempre que um turbilhão complexo de pensamentos o invadir). Versões que me faziam ter consciência do tempo que desperdiçava sem haver nada de relevante para registar nas minhas memórias de auto-realização (ou mesmo de auto-estima). Versões nas quais a proximidade física não tinha associação com a proximidade afectiva.
E eis que me deparo com uma nova versão; uma que deveria ter uma longevidade considerável, dado que concilia bastantes aprendizagens e muitos dos aspectos positivos de versões anteriores. Uma versão que engloba os meus novos insights completamente refrescantes e que me trazem um novo ponto de vista nesta habitual observação do mundo. Subscrevo agora uma visão compreensiva, diferente daquela que já tinha adquirido. Talvez seja uma visão compreensiva mais sofisticada, que analisa apaixonadamente a infinidade de possibilidades humanas. É bom ver que certas competências que eu pensei que estivessem já aniquiladas, afinal ainda sobrevivem dentro de mim.
São vários os insights que me assolaram ao longo dos últimos tempos, provenientes da minha presença nas aulas e da observação de comportamentos:
_ especificidades nos conteúdos aprendidos em Psicologia da Aprendizagem;
_ especificidades nos conteúdos aprendidos em Introdução às Neurociências I;
_ especificidades nos conteúdos aprendidos em Genética e Evolução;
_ especificidades nos conteúdos aprendidos noutras cadeiras que frequentei
(talvez com menor intensidade);
_ globalidade procurada por cada indivíduo;
_ tempo dispendido em enriquecimento pessoal;
_ inteligência afectiva e inteligência de auto-estima;
_ minimização da alteridade e consequente reformulação da interacção com outras pessoas;
_ seres humanos como portadores de um sistema de crenças modificáveis
.

Explicar o contributo de cada um destes insights seria um grande desafio, e talvez um dia eles venham a ser tema de futuros posts. Uma conversa produtiva acerca destes assuntos seria igualmente enriquecedora e teria a vantagem da interactividade em tempo real.
É a integração de todos estes insights que me está a transportar até uma posição muito específica. Um ponto nunca atingido por mim antes. A exploração de uma multiplicidade de histórias de vida com validade equitativa tem agora novos contornos. Espero conseguir manter-me assim durante muito tempo. Espero resistir ao cinzento da estrutura quotidiana (porque apesar de eu ter mudado, o mundo parece estar igual; será uma questão de tempo até voltar a ser confrontado com a discrepância entre a fluidez da minha modificação interna e a lentidão da modificação externa).
E a questão fulcral: porque é que só ao fim de vinte e dois anos é que finalmente consegui chegar a este estado?

[99 / Question & Answer]

Outra pergunta interessante formulada pela Alanis, este mês:
If you could say one thing and the whole planet would be listening, what would you say?”.

A resposta que enviei:
"I would say: 'don’t ever silence a compliment you really want to give to someone as they will be glad to know you have a positive opinion on something about them; a new compliment is never too much'”.

[-- / Heard Quotes (To Be Filled From Time To Time)]

“A paixão consome-nos muita energia. É por isso que não conseguimos estar permanentemente apaixonados.”
(Professor de Psicologia da Aprendizagem)

“Uma pessoa com personalidade narcísica sente-se invulnerável.”
(Professor de Psicologia da Personalidade)

"O grave problema é quando uma pessoa com sintomas de personalidade narcísica de repente se apercebe que é tudo menos invulnerável. Aí, desperta-se-lhe o caos interno e o modo de auto-destruição.”
(João Gil Martins)

"Por vezes temos aprendizagens implícitas que nada têm a ver com as aprendizagens objectivas de quem nos ensina naquele momento."
(Professor de Psicologia da Atenção e Memória)

“Há pessoas nesta sala que são certamente sobreviventes de diversas situações de risco."
(Professora de Impacto Psicológico da Adversidade)

"As pessoas são diferentes. As relações que daí resultam também são diferentes. É por isso que o colorido é diferente quando temos um novo relacionamento com outra pessoa.”
(Professora de Intervenção Individual 2)

"Amamos uma pessoa de cada vez, mas várias ao longo da vida... São monogamias sucessivas."
(Professor de Sociologia da Saúde)

"Só nos matamos uns aos outros em teoria. Se nos matassemos na prática, já não haveria pessoas no mundo."
(Encenador do curso de introdução às técnicas teatrais)

"A vergonha é uma emoção altamente destrutiva."
(Professora de Impacto Psicológico da Adversidade)

"As nossas vidas não são um filme... ...yo!... Baza. Vai para casa. Baza, vai para casa."
(Professor já citado)

"Há mortes mais serenas que determinados processos de vida."
(Professora Clara Oliveira, oradora de uma conferência sobre "Vida, Sofrimento e Morte")

"A morte só é desejada por reforço negativo: ela acaba com o sofrimento."
(Professora de Psicopatologia do Adulto)

"Todas as relações são estáveis... enquanto duram."
(Professor José Cruz, orador de uma tertúlia sobre "Sexo e Desporto")

"Adaptação promove adaptação. Desadaptação promove desadaptação."
(Professora de Prevenção em Saúde Mental)

"Jogamos a lotaria dos genes e temos de acomodar-nos com o que vem."
(Professor de Intervenção Organizacional)

"A credibilidade ganha-se por aquilo que alguém é."
(Professora de Psicopatologia do Adulto)

"Fazemos o melhor que podemos num dado momento, mas por vezes até esse melhor é muito mau."
(Professora de Psicopatologia do Adulto)

"As pessoas escondem parte dos seus problemas por não saberem se nós somos dignos de ser o depósito deles."
(Professora de Psicopatologia do Adulto)

"Aparecemos na vida uns dos outros por acaso."
(Professora de Psicopatologia da Criança e do Adolescente)

"Temos de ter cuidado com quem casamos, até porque pode ser algo para toda a vida..."
(Professora de Psicopatologia da Criança e do Adolescente)

sábado, março 03, 2007

[98 / Save Your Love For Someone Who Can Share It Back]

Uma pequena nota para mim (talvez assim não volte a esquecê-la): não voltes a apaixonar-te pelas pessoas certas que não o são em aspectos fulcrais.