domingo, janeiro 28, 2007

[94 / From The Macro Apathy To The Micro Sublimity]

Sinto-me fascinado por saber que finalmente posso ventilar as minhas experiências internas.
Decapito a ideia de que a qualidade no seu estado puro é incongruente com a proximidade geográfica. Volto a ter esperança na minha geração.
Encontrei um sistema nervoso que reside nos píncaros da busca incessante pela realização! Que coerência! Que metodologia! Que competência! Que sensibilidade! Que nobreza!

Não costumo gostar de recorrer a citações (fazem-me sentir um mero reprodutor das palavras que alguém forjou, por muito que me reveja no conteúdo das palavras transcritas), mas acho que a pertinência do refrão desta música (cuja letra me representa a um nível de 99%) é gritante:

“I can feel so unsexy for someone so beautiful/
So unloved for someone so fine/
I can feel so boring for someone so interesting/
So ignorant for someone of sound mind”
.
(Alanis Morissette, “So Unsexy”)

sábado, janeiro 20, 2007

[93 / Crash]

A batalha entre o interno e o externo parece não ter fim.
Por muito que nos esforcemos por ser melhores pessoas, a intensidade com que exercitamos o pensamento quase nunca é assinalável aos olhos dos outros. O conteúdo das nossas ideias nunca transparece para o exterior, a não ser que façamos algo que realmente seja observável.
Não poder ser transparente quanto aos meus pensamentos é algo que me incomoda. De certa forma acabo por reproduzir o padrão sufocante da superficialidade das relações sociais que com tanta destreza nos entorpecem e nos limitam o acesso à felicidade. Tenho pena por ainda não saber destruir essa limitação. Acho que é claramente um dos aspectos que tenho de trabalhar nos próximos tempos. Mas ao mesmo tempo torna-se difícil. Há dias em que ainda me parece Natal, mas o desânimo vem quando me cruzo com as caras que a minha memória reconhece e me indica que devo retribuir o cumprimento e o sorriso formal enquanto os meus pés continuam a levar-me até ao caminho que tinha traçado previamente. Os outros não notam absolutamente diferença nenhuma em nós nesse momento particular.
Penso nesta questão porque há poucos dias aconteceu-me algo de inédito enquanto estava numa fila de uma cantina universitária. Seríamos quatro pessoas a partilhar a mesma mesa naquele jantar. Por diversos motivos acabámos por inserir-nos na fila heterogeneamente. Pego no tabuleiro e no resguardo. A fila avança. Nos talheres. Avanço. No pão. Avanço. Na mousse de chocolate. Avanço. Encho o copo com sumo de laranja. Chegam à fila as duas últimas pessoas que partilhariam o jantar comigo. Constatavam que como já não nos viam na fila, teríamos já indo para a mesa. Uma delas referiu “O J. deve estar com tanta fome que já subiu. E o outro?”. Eu era o outro. Numa questão de segundos a minha existência era reduzida à insignificância de alguém sem nome. Não tinha a dignidade de ter uma associação a algo de palpável. Era feito de uma consistência efémera e irrelevante. E foi então que pensei nesta questão da invisibilidade do peso dos pensamentos que me percorrem o cérebro. No quão frágeis eles são. No quão débeis são, por não terem a capacidade de se transporem para o mundo que partilho com a humanidade que me rodeia. A convicção, as ideias, o turbilhão que apenas invade um único ser humano. Um único ser humano. No quão fácil é falar levemente sobre selves alheios, sem haver noção do funcionamento interno deles. No desrespeito.
Estes pensamentos prolongar-se-iam durante mais alguns segundos, mas aconteceu o impensável. Desbloqueei-me ao ver que o meu tabuleiro se movia, deixando-se levar pela verticalidade. As minhas expectativas das leis da Física estavam a ser violadas. Não ouvia som. Parecia que aquilo não estava a acontecer. Mas estava. Confirmei isso enquanto observava imóvel a trajectória do tabuleiro até atingir o chão e fazer um estrondo. Os pés das pessoas que estavam ao meu lado deram um salto e viraram-se para o tabuleiro. Na minha mão ainda permanecia o copo. Intacto. Nem uma gota de sumo desperdiçada. Apenas a mousse de chocolate teve como destino ser limpa por uma funcionária de olhar cúmplice em vez de ser ingerida por mim.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

[92 / Auto-Pilot]

Há (muitos) momentos em que gostava que os meus dedos fossem conduzidos por forças invisíveis e me fizessem carregar nas teclas que me levassem ao lugar mais relevante de toda a Internet.

domingo, janeiro 14, 2007

[91 / Interesting]

Nunca o conceito empírico de pre-committment tinha feito tanto sentido. A sua aplicação ao mundo quotidiano é realmente poderosa.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

[90 / Music To My Ears]

Novo objectivo: ter aulas de Filosofia da Existência.