Não é raro deambular pela universidade e ver pessoas com cara séria ou triste. Chego mesmo a ver pessoas a chorar. O problema não é certamente da universidade, porque os não-universitários exibem o mesmo comportamento. Nem do país, porque no estrangeiro a situação é idêntica. Nem mesmo os meus professores doutorados afirmam ser felizes.
Mesmo aqueles comentários simpáticos que por vezes tecemos uns aos outros parecem não ter grande impacto...
Procuramos todos o mesmo, mas não o conseguimos encontrar. Fazemos ciência mas continuamos infelizes.
E chego à conclusão de que tenho momentos de extrema felicidade em curtíssimos períodos de tempo: aqueles em que não me importo de me sentir estúpido por ver/sentir algo de irrelevante que me cativa.
Não quero perder nunca esta capacidade de "fast-happiness".
Uma árvore despida com o formato de uma árvore de natal (daria uma boa árvore natalícia experimental) / A mudez com que os desconhecidos caminham nos corredores, com velocidades diferentes / Uma música que me martela o pensamento a caminho das aulas (com a consequente vontade de a cantar bem alto) / Um sorriso meu pela leitura das palavras (escritas a marcador preto) "Tó Carro" num sinal de trânsito que assinala a presença de uma paragem de autocarros / O deslize do meu corpo pelo assento de uma cadeira da biblioteca, para ver até que ponto as pessoas que estão na mesa em frente me dão atenção / O riso de uma pessoa com os olhos cravados num monitor estático / Sentir-me parado no tempo, vendo os outros fluir / (tanta coisa...)