domingo, fevereiro 26, 2006

[35 / Standard Patterns On How To Evaluate Someone’s Subjectivity]

Este post explica implicitamente porque é que nas aulas de Português os alunos podem discordar fortemente de interpretações oficiais de certos excertos poéticos.
Como cada qual descodifica o que vê/lê de acordo com aquilo que lhe faz mais sentido, é natural que as interpretações possam divergir entre indivíduos.
Mas uma vez mais a sociedade (neste caso a escola) força-nos a expressar de um modo padronizado aquilo que vemos. A tal ponto que passamos a adquirir uma tendência para analisar de um modo semelhante novas obras. Passamos a ter uma mente moldada pela estrutura vigente. Mas o facto de aprendermos esta capacidade comum, enriquece certamente o nosso conhecimento e capacidade de análise.
O exemplo que eu refiro funde-se (não só, mas principalmente) com as figuras de estilo que se aplicam exaustivamente na análise dos textos literários com que os alunos se deparam nas aulas.

E esta questão levanta outras igualmente interessantes.
Qual o processo que faz com que uma sociedade inteira active de um modo instantâneo um esquema cognitivo relacionado com um determinado conceito?
E como é feito esse moroso processo de aprendizagem, transmitido pelas gerações?
Como se conseguiu que uma multidão tenha a mesma noção do conceito “poder”?
E porque há variações no modo como explicitamos um conceito ao longo da História?
Serão os neologismos um modo de formatar o pensamento das próximas gerações?
Nós próprios estamos contaminados com a herança linguística dos nossos antepassados; ao usarmos a linguagem deles, conformamo-nos com o seu pensamento. Tornamo-nos previsíveis por isso.
Mas há algo que ultrapassa isto e nos dá a hipótese de sermos totalmente inovadores durante breves momentos: a mente de cada um. Parte do pensamento de algumas pessoas liberta-se das amarras sociais e reconstrói-se de um modo totalmente independente. E isso é algo que valorizo num ser humano.

E eu? Porque não escrevi este texto recorrendo a algarismos? Sim, vou fazer isso antes de divulgar este texto.

sábado, fevereiro 25, 2006

[35 / 8748564]

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quinta-feira, fevereiro 23, 2006

[34 / Laugh]

Vai ser difícil conter o riso a meio das aulas caso me lembre das coisas que ouvi ontem. Digo isto porque hoje estava sozinho em casa a tomar banho e de repente não consegui conter o riso ao lembrar-me das frases hilariantes (pelo menos são-no para mim) que nunca me tinham passado pela cabeça.
Qualquer dia ainda vou ter um professor a interromper a aula para me perguntar se me estou a sentir bem, ou se quero partilhar com ele a piada que me tem feito rir há alguns segundos.

E já que estou numa de "humor", aproveito para escrever isto aqui na sala de computadores do CP1: ccd n xdmnjc mcv cmncfvm,xcd cfmncxdm xd,.cdfm,xdm, xm ,xd ,cv n m cm, cv mv cm,

Experimentem! Mas numa sala com gente desconhecida!
It feels damn good ! =)

terça-feira, fevereiro 21, 2006

[33 / Insomnia]

Deitar-me cheio de sono e acordar dali a três horas...
Olhar para o relógio e constatar que são 3:30...
Ir comer qualquer coisa para passar o tempo.
Voltar a tentar dormir e retomar aquele sonho esquisito sobre restaurantes com aranhas nas paredes, campos de futebol inundados e submarinos cujo objectivo é mandar torpedos a determinados pais...
Não conseguir retomar a objectividade dessa realidade que me invadiu durante alguns minutos antes de ter acordado.
Desistir.
Ter a Alanis Morissette como companhia à actividade cerebral que teima em não emitir ondas alfa...
Talvez tenha o meu ritmo circadiano desregulado...

Pensamentos sobre o segundo semestre.
Verificar que a cientificidade da matéria da disciplina de Psicologia da Atenção e Memória não corresponde às minhas expectativas: porque não me parece que se vá falar da duração necessária para que um momento relevante seja memorizado, nem vamos falar acerca do tempo que se traduz em esquecimento, nem do conceito que eu tenho acerca de "influência periférica" quando abordarmos a atenção. Pelo menos não vou ouvir essa matéria da forma cativante que tinha imaginado. Apesar disso, acho que vou gostar da cadeira.

É tempo de dar atenção ao meu despertador, recorrendo a um processo top-down : faltam três minutos para ele indicar "7:00" e começar a guinchar por todos os orifícios de onde sai o som em volume médio.
7:00
O meu tempo de reacção nunca tinha sido tão pouco a desligar um despertador cá em Braga.
É hora de substituir a companhia da Alanis pela dos colegas e professores.

sábado, fevereiro 18, 2006

[32 / Tangled In Reality]

Acabo de vaguear pelos profiles de uma amostra de pessoas da minha geração. Cheguei a uma triste conclusão: a esmagadora maioria está completamente entorpecida; são indivíduos incapazes de evidenciar qualquer tipo de desprendimento para com a realidade.
Já não há espaço para ilusões, para conscienciosidades, para introspecções.

“Quem sou eu? Lol. Sou suspeit@ para falar de mim. Os meus amigos são ideais para me descrever.”

Claro. São esses tais amigos que conseguem prever todas as suas atitudes e comportamentos, não é verdade? São eles que controlam todas as suas vivências e sentimentos, não é? São eles que conseguem aceder aos seus pensamentos mais íntimos e obscuros. Exacto, é isso. É uma espécie de transparência para com os outros, mas uma opacidade para consigo própri@.

Onde está a evasão mental? O aprofundamento de experiências?
Vejo um vazio nas pessoas e isso assusta-me. Vejo-as demasiado presas à segurança daquilo a que estão habituadas. Não as vejo dar um passo em frente. Vejo-as estáticas e conformadas a uma superficialidade extrema. Vejo-as a preencher os moldes que lhes são pré-existentes.
A minha pesquisa inundou-me de informação oca e padronizada. Não encontro nada que cative o meu interesse. Muito menos o meu fascínio.

É este o mundo cinzento que se auto-perpetua através das pessoas…
Será esta amostra representativa da população? Espero que não.

“Foto minha a fingir que estou a dormir. Lol.”
“Eu a ver um jogo do meu SLB!”
“Eu antes de sair de casa.”
“Eu com uma grande jarda!”
“O meu carro e eu.”
“Eu numa aula.”
“Com calor. Lol.”
“A pensar na vida.”


É suposto entrar em êxtase com afirmações deste cariz?

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

[31 / Cat]

Após uma conversa que veio confirmar certas previsões, encontro-me a conduzir, tendo uma amiga como companhia.
Um pequeno baque.
Não. Não podia ser. O som era muito semelhante ao ruído que surge quando um animal é esmagado pelas rodas de um carro em movimento.
Olhei pelo o espelho retrovisor e pareceu-me ter visto a imagem de um gato preto estendido a meio da minha faixa.
Fiquei claramente perturbado, mas não podia ir embora sem ter certezas do que acabara de ocorrer. Enveredo por uma estrada que me leva a um ponto geográfico anterior ao “acontecimento”. Percorro o percurso novamente, com a expectativa de ver um gato preto estirado na estrada.
Não encontro absolutamente nada. Não há vestígios.
Terei eu passado por cima de um dos pontos que assinalam a presença de uma passadeira?

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

[30 / Denial (or) Camouflaged Feedback]

Não sentia curiosidade em conhecer-te.
Não estremecia quando te via.
Não focavas a minha atenção quando sabia que estavas por perto.
Não ligava quando olhavas para mim antes de te afastares.
Não ficava desapontado quando te distraías e perdias uma oportunidade de me veres passar por ti.
Não reparava quando o teu amigo te informava que eu estava no teu campo visual.
Não me apercebia das vezes em que ambos cruzávamos olhares fugazes.
Não notava que me aparecias nos profile visitors do Hi5.
Não dava por mim a averiguar o teu profile quase compulsivamente em busca de novidade na informação que fornecias.
Não te estavas a tornar rival de uma paixão (sem feedback) mais duradoura.
Não me lembrava que ultimamente tinhas aparecido nos meus sonhos.
Nem sequer me recordava de que já houve uma vez em que te mandei uma mensagem que ficou por responder...

Não me deixei sugestionar entretanto por outra pessoa que soube como jogar e desaparecer sem se despedir.
Não penso agora em ti como uma possibilidade inscrita nos meus horizontes futuros.

[29 / Communication With Giants]

Quando obras literárias de excelente qualidade nos fornecem o endereço electrónico dos respectivos autores, não há inibições que nos impeçam de embrulhar um e-mail com elogios sinceros e enviá-lo.
Pelo menos eu penso e ajo assim.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

[28 / Astonishing]

Quando tenho experiências de ponto máximo, apetece-me chorar de felicidade.
Pena que o sentimento ocorra durante breves segundos…
Como será partilhá-lo com outra pessoa?
Sentir a mesma intensidade, exactamente pelas mesmas razões, com timmings idênticos.

[27 / Breaking The Implicit Rules]

A meio de uma conversa de teor estritamente profissional recebi um elogio rasgado. Fiquei sensibilizado pela espontaneidade do momento.
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Tinha ido a um shopping comprar um DVD. Passei pelo cinema só para buscar um panfleto que indicava quais eram os filmes que estavam em exibição e a hora correspondente de cada sessão.
Ao iniciar o percurso inverso, vi um homem dirigir-se a mim. Ele aponta para o meu panfleto. Toca-lhe. Pega-lhe. Começa a falar.
Uma observação rápida faz-me constatar que estou perante uma pessoa a quem já foi certamente diagnosticada uma psicopatologia.
Remexe as pequenas páginas do meu panfleto enquanto diz qualquer coisa que não percebo. Eu respondo, dizendo “Sim, sim…”. Ele continua a falar: “A senhora disse que vai entrar este aqui. Olha. Este!”. Aponta para uma fotografia promocional do filme "Orgulho e Preconceito". Pressiona a unha do polegar contra a fotografia. Volto a responder “Ah, ok. Obrigado.”. Ele procura melhor por entre as páginas do folheto. Desiste da busca e diz “O outro que vai entrar, não sei o nome. Mas a senhora disse que era ‘Azul’. Não sei… Mas vai entrar. As sessões estão ali escritas.”. Aponta para um painel electrónico montado numa das paredes do shopping. Volto a agradecer, digo que também não sei quais serão os filmes que estariam para estrear no dia seguinte. Ele devolve-me o panfleto e eu vou embora.

A beleza deste episódio traduz-se no facto de um estranho me querer apenas ajudar de certa forma, ao ver-me procurar informação sobre os filmes exibidos naquelas salas de cinema. Independentemente de me conhecer ou não.
O lado mais escuro deste episódio reside na minha vivência na selva urbana, que fez com que no momento em que o vi aproximar-se de mim, instantaneamente me tenha vindo à memória a imagem da abordagem idêntica que um rapaz teve para comigo quando me tentou roubar o telemóvel no Verão passado.
Também durante os breves segundos deste momento, lembro-me de pensar que a "sessão de esclarecimento" se iria prolongar por minutos, dado que estava a ser vítima de um programa de apanhados…
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Mal entro naquele café novo, noto que a empregada parece estar um pouco agitada. Sento-me com duas amigas. Ela surge com três listas. Entrega-nos e fica no mesmo local à espera que nós digamos o que queremos. Fico um pouco constrangido, porque isso costuma fazer com que eu não me demore muito na selecção.
Cada um dos nossos pedidos serviu para ela falar um pouco connosco. Isso é algo a que claramente não estamos habituados, especialmente quando a pessoa que faz isso nunca nos viu na vida.
Ela vira costas para ir buscar as bebidas que nós pedimos; nós sorrimos entre nós, confusos.
O regresso com as bebidas foi igualmente prolongado, sendo nós uma vez mais brindados com conversa.
Minutos depois, no fim da nossa estadia naquele local, quando estávamos prestes a levantar-nos, ela passa pela nossa mesa e vê lá pousados dois bilhetes de comboio. Pára e mete conversa acerca das viagens de comboio, compara as viagens de comboio com as viagens de autocarro, diz que já foi tropa e fala dos vários tipos de clientes que ela já serviu naquele café: desde os simpáticos aos antipáticos.
Saí de lá notoriamente confuso, mas ao mesmo tempo a admirar a capacidade dela em conseguir criar conversas com pessoas que lhe são completamente estranhas.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

[26 / 1000th Sneak]


Aconteceu. Neste preciso momento.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

[25 / The Cost Of A “Click” In An Isolated Techno Shrine]

Um dia vou ter dinheiro para esbanjar superfluamente no arrendamento de uma discoteca munida de um excelente sistema de luzes, e vou conseguir exprimir visualmente a pureza que me transcende quando ouço techno de qualidade.

Please give me sound, lights and smoke.
And I’ll be proud of such a photo session!

[24 / Corrosive]

Ele sacrificou as ilusões que tinha para com uma paixão anterior que nunca deu mostras de ser correspondida. Pensava que tinha chegado o momento ideal para se descartar dessa prisão que se arrastava por anos.
Mexeu-se.
Conheceu-a virtualmente, tal como mandarão os bons costumes num futuro não muito longínquo. Sentiu-se fascinado ao ponto de a querer conhecer.
Partiu.
Quando regressou tinha os horizontes embaciados e a mente cheia de certezas. Estava condenado a uma rotina dolorosa: perder-se em fantasias de paixões idealizadas e ser atirado para as lâminas da percepção de que não pode tentar ter relações duradouras quando nunca teve estrutura para acompanhar a velocidade da génese das relações interpessoais íntimas contemporâneas.
Por enquanto recusa qualquer perspectiva que lhe faça reatar as fantasias, mas a passagem do tempo vai fazer com que cometa os mesmos erros... Até conhecer outra pessoa que mais tarde ou mais cedo o rejeite da mesma forma.
Sim, a sua vida íntima resumir-se-á a este pêndulo. Ele é previsível.
Custar-lhe-á sempre caro violar inconscientemente as expectativas que são tecidas sobre si.

Entretanto, nós vivemos os nossos desafios, completamente alheios à história deste rapaz que vive do outro lado do mundo das facilidades.

terça-feira, fevereiro 07, 2006

[23 / Who Are We?]

Estranha espécie, esta a nossa.
Enchemo-nos de rodeios e formalidades quando na verdade o que queremos é dizer tudo aquilo de positivo que nos vem à cabeça. Iríamos agradar a quem ouvisse essas palavras sinceras. Mas fazemos tudo mal…
Temos sempre medo das consequências.
E a verdadeira mensagem que queremos transmitir nunca chegará a ser descodificada porque foi exageradamente pensada e camuflada antes de ser enviada.

Por tudo aquilo que pensei, mas não disse, nem nunca direi.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

[22 / Production]

Todos nós nos queremos divertir.
Todos nós fazemos um esquema mental de como nos queremos apresentar nessa noite.
Todos nós esperamos que desta vez o conjunto final atinja a sua meta.

No entanto aparecemos todos lá da forma mais natural e banal possível.
Vamos lá pela música (certamente), mas isso não nos chega.

(Uma apresentação física que levou o seu tempo a ser estruturada em casa.
O número de vezes que se voltou a pentear o cabelo.
Os minutos queimados na fase de preparação, verificação e aprovação.
A saída de casa, a conta-gotas, de cada uma das pessoas que estão agora presentes na discoteca.)

Todos nós temos as nossas razões para estar lá.
Todos nós precisamos de alguém que nos apoie.
Todos nós esperamos que aquela noite seja memorável.

Bebemos álcool para nos divertirmos, para ficarmos desinibidos, e para conseguirmos transpor a imagem de que podemos estar vulneráveis face a tentativas indiscretas de conhecimento interpessoal. Isso é capaz de dar confiança à outra pessoa.

Todos nós esperamos ser abordados.
Todos nós queremos dar o beijo.
Todos nós esperamos que aquela seja a noite em que vamos sair de lá com a nossa alma gémea.

E no final da noite, continua a ser a "produção" a única que nos acompanha em todas as noites de glamour : sempre fiel, do início ao fim.